domingo, 25 de abril de 2010

A POLÍTICA É NECESSÁRIA

Descrença, apatia e desconfiança são os adjetivos que melhor traduzem a relação das pessoas com a política. Após quase 20 anos da volta das eleições democráticas em nosso país e que nos permitiu sair de uma obscura ditadura, é paradoxal que o mesmo sistema político que nascia como uma esperança, com a promulgação da Constituição de 1988, tenha sido construída uma cidadania adversa à participação ativa e uma juventude que enxerga os partidos políticos como um espaço onde não se pode propor as mudanças necessárias.
Percebemos um derrotismo e um conformismo nas pessoas quando falamos de política. E não é para menos, diante dos casos de corrupção que assola o Distrito Federal.
Para a evolução do Direito e uma aproximação com a Ética com alicerce em princípios de justiça e supremacia dos direitos fundamentais, foi necessário um holocausto para perceberem que a moral nunca mais deve se distanciar do Direito. Mutatis mutantis, o que será preciso acontecer em Brasília para que a população reaja a essa apatia e descrença e levante a bandeira da ética na política? Não basta apenas indignar-se diante dos problemas sociais. É imperiosa a organização de projetos alternativos onde os cidadãos ocupem um espaço de destaque. Contudo esse projeto somente será vencedor quando começarmos a construir uma idéia do futuro e acreditarmos que é possível outro mundo. Vivemos um momento onde impera o materialismo e a superficialidade e ninguém se compromete com os ideais políticos. Vivemos em uma sociedade dominada pelo consumismo onde os negócios pessoais possuem mais valor que os ideais de justiça. Nada favorece o surgimento de uma democracia participativa porque o poder público é refém de políticos profissionais e burocratas que carecem de escrúpulos. Vivemos um formalismo democrático que serve unicamente para convocar o povo a cada quatro anos para as eleições. A política não entusiasma porque perdeu os sonhos e as utopias foram extraviadas e vendidas a quem pagou mais por elas. Mas não podemos nos esquecer que temos um passado do qual devemos nos sentir orgulhosos, como a luta pela volta das eleições democráticas com o movimento “diretas já” e a participação dos jovens que protagonizaram o impeachment do Ex- Presidente Collor. Por fim, caros leitores, penso que temos que evitar que o discurso anti política prevaleça entre nós porque atrás desse pensamento se esconde um egoísmo anti-social e a intenção de mantermos o privilégio de poucos. Recuperar os partidos políticos como ferramentas sociais e não fugir do debate de idéias são atitudes que devem ser valoradas. A política é inevitável e fica em nossas mãos a decisão de deixá-la nas mãos de maus políticos ou assumirmos a tarefa de fortalecermos plenamente a vida democrática para que a liberdade e a igualdade sejam princípios tangíveis para todos que vivemos em Brasília.

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